quarta-feira, 30 de março de 2011

O São Cornélio

São Cornélio foi o Santo que deu nome ao monte mais alto que sobressai numa das encostas rochosas da nossa Quarta-Feira.
É precisamente nas Memórias Paroquiais de 1758 que se encontram as primeiras informações escritas sobre o Monte de São Cornélio, sobre a lenda do Santo e da sua capela.
As pessoas mais velhas falam na construção ( certamente que foi uma reconstrução ) da capela por volta de 1920-1930. Segundo estas pessoas, foram os rochedos a ditar as leis, tendo sido necessário levar todos os materiais às costas, uma vez que não havia burro ou carroça que chegasse ao local. A última reconstrução ocorreu à cerca de 20 anos e mais uma vez foi necessário levar tudo com a força de braços que com a boa vontade e um profundo respeito pelo sagrado lá conseguiram repor o que as intempéries e o vandalismo foi destruindo.
Quanto à lenda descrita no documento há quase 300 anos é praticamente igual à que ainda hoje é relatada pelos mais velhos que dizem que o Santo apareceu numa lapa a um rapaz, onde fazia bastante frio, chovia e nevava. O Santo foi levado para a igreja do Dirão da Rua, mas ele ia novamente para a lapa, então as pessoas decidiram fazer-lhe uma capela e colocaram lá a imagem do Santo.

O documento refere que a partir de então passou a haver romagens de pessoas de locais distantes, incluindo de Espanha, romagens essas que já se perderam na memória.
Quem hoje visita o São Cornélio, certamente que não será pelo fervor religioso, mas pelas paisagens fabulosas e únicas que este local oferece, pois daqui é possível avistar toda a Cova da Beira, a Serra da Estrela, a cidade da Covilhã, a Guarda, o Sabugal, Sortelha e é claro que o São Cornélio não poderia permitir que daquele sítio não se tivesse uma vista privilegiada sobre a fantástica e bela aldeia de Quarta-Feira da qual, provavelmente, este Santo também era admirador, pois não é possível que uma divindade ficasse indiferente a tão rara beleza natural.
Visto que o horizonte é espectacular e muitos continuam a insistir em visitar este local, já vai sendo tempo e seria bom que os responsáveis autárquicos tivessem a amabilidade de criar um roteiro turístico pedestre, incluindo nele o monte de São Cornélio e a aldeia presépio que é a Quarta-Feira. Seria um pequeno contributo para o desenvolvimento turístico da região, valorizando o património natural.   

segunda-feira, 28 de março de 2011

O café da Quarta-Feira e sua importância.

Quando terá surgido a primeira taberna na Quarta-Feira?
Esta é pois uma questão que ao certo já ninguém ou poucos saberão responder, mas a verdade é que já se perdeu na memória a data, o local e o proprietário da primeira taberna Quartafeirense.
Uma taberna ou taverna era de uma forma genérica, um local de negócios onde as pessoas iam com o objectivo de beber bebidas alcoólicas e onde também podia ser servido algum tipo de alimentação, que mais não fosse, umas sardinhas ou uns carapaus fritos com 8 dias ou mais.
O encontro ocasional numa taberna para beber uns copos de vinho branco ou tinto, cerveja simples ou com gasosa, ou até uma laranjada, constitui pois uma tradição social de longa data a que o povo da Quarta-Feira há muito se habituou.
A Quarta-Feira teve já várias tabernas e actualmente tem um café e uma associação que são por excelência, o centro da vida social desta aldeia.
Os cafés são pois os sucessores das tabernas, digamos que são uma denominação e uma versão mais moderna, com melhores condições e  mais variedade de produtos mas que no fundo mantêm a sua essência enquanto lugares privilegiados de convívio.

O café da Quarta-Feira, pelo tempo de existência é pois uma casa que já faz parte da história desta localidade, pois ali já muitos mataram a sede, recuperaram forças com uma bebida quente ou fresca e até já foi para muitos um local de descanso, de relaxamento e de confraternização.
Hoje os tempos mudaram e as circunstâncias da vida da população actual não permitem que as cadeiras do café estejam tão ocupadas, no entanto, este local continua a ser o ponto de encontro habitual para aqueles que diariamente, semanalmente ou ocasionalmente ainda conservam o saudável hábito de ir ao café.
Sobretudo aos fins de semana, este local a que alguns em tom de brincadeira apelidam de capela ou Casa Santa, ganha uma vida nova, sendo um lugar de reencontro, quer seja à noite, à saída da missa ou nas tardes domingueiras. A verdade é que o café aproxima as pessoas pelo convívio que proporciona enquanto se vê televisão em companhia, se joga uma bela cartada ou até enquanto se tem uma típica conversa de café e se bebem uns copos entre amigos.
O café da Quarta-Feira é pois um local social, cujos benefícios de frequência são muito salutares uma vez que constituem uma óptima terapia de relaxamento, fazendo deste local um lugar de verdadeiro convívio e amizade que contribui decisivamente para uma mente sã e tranquila que nos dia de hoje nem sempre é fácil de conseguir.


domingo, 27 de março de 2011

A Hora de Verão já chegou.

A hora de Verão chegou nesta madrugada, mais precisamente à 1 hora, pois os relógios adiantaram-se 60 minutos. Quando chega o momento de alterar a hora chega também alguma confusão, pois há quem pense que se adianta a hora e há também quem diga que os ponteiros andam para trás.
A verdade é que esta mudança prende-se com a necessidade de não haver desfasamento solar, podendo-se assim aproveitar da melhor forma possível a luz solar nas diversas actividades.

A próxima mudança de hora irá ocorrer no último Domingo de Outubro. O horário que agora teve inicio obriga à adopção de novas rotinas, pois, quase que vamos para o local de trabalho ao nascer do sol mas também deixamos esse mesmo lugar quando o sol ainda vai bem alto, o que permite a cada um de nós ter algum tempo no final da tarde para dedicar ao que bem entender, que pode por exemplo e simplesmente passar por fazer uma caminhada pelas belas paisagens primaveris da Quarta-Feira, que são sempre muito relaxantes e aliviam o stress acumulado no local de trabalho a ouvir o chefe, muitas vezes com mau humor.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Sócrates pediu demissão. E Agora?

Portugal esteve hoje, dia 23 de Março de olhos postos na votação do PEC 4 que acabou por ser chumbado por toda a oposição.
Sócrates pediu, tal como já havia prometido, a sua demissão imediata, tendo ficado a porta aberta para um novo governo.
Vamos pois ficar, nos próximos tempos, com um governo de gestão.  
E depois? Teremos novos actores, novas políticas e uma lufada de ar fresco ou poderemos contar com mais do mesmo?
São pois algumas questões que ficam para já sem resposta. Esperemos que o povo decida, quando a isso for chamado e que este momento corresponda de facto a um verdadeiro ponto de viragem que dê esperança no futuro a todos os portugueses que acreditam que este país ainda tem algum rumo, no qual podemos confiar.

terça-feira, 22 de março de 2011

Alguns pensamentos da actualidade!

"Este é um verdadeiro PEC à rasca"--- António Bagão Félix

"Vamos de PEC em PEC até à derrota final"--- Fernando Sobral

"O tempo de Sócrates chegou ao fim: ele é apenas o boneco do ventríloquo estrangeiro que nos ajuda, nos financia e nos governa"--- Pedro Santos Guerreiro

"A verdade é que já não somos (se é que alguma vez fomos) um Estado de Direito; hoje, não passamos de um Estado de Necessidade."---João Espanha

segunda-feira, 21 de março de 2011

Quarta-Feira: Lugar de Sonho ou Realidade

Que a Quarta-Feira é uma aldeia todos sabem, que é pequenina, também todos têm noção, mas que tem muitos encantos e é única é provavelmente uma opinião da qual nem todos partilham, o que é perfeitamente legitimo, pois afinal cada um é livre na forma de pensar, as opiniões são muito subjectivas e os gostos não se discutem.
Mas a verdade é que já não são raras as vezes em que alguém se dirige à Quarta-Feira dizendo que é a aldeia jardim ou até a aldeia presépio do concelho de Sabugal.
Estas expressões que muitas vezes são usadas quando alguém à Quarta-Feira se quer referir não são com certeza por acaso e evidenciam bem os encantos com que a natureza dotou a Quarta-Feira, pois este mimoso vale com os Montes Hermínios no horizonte é de facto um lugar único em que a beleza e a tranquilidade convivem lado a lado em perfeita harmonia.
A Quarta-Feira é pois a realidade daqueles que aqui têm as suas lides do dia a dia e um sonho para os que por força do destino aqui não vêm com frequência mas que continuam a ter sempre presente no seu pensamento, o lugar que lhes havia de servir de berço.
Poder dizer que se é do meio  da semana ou da Quarta-Feira é pois um privilégio que não é para todos e a beleza natural juntamente com toda esta envolvência campestre constitui pois um dos raros direitos adquiridos que por mais débil que Portugal possa estar não há governo absolutamente nenhum que o possa roubar.

quinta-feira, 17 de março de 2011

A Primavera está a chegar...

Na Primavera os campos enchem-se de formas, cores, rumores e cheiros. Na Quarta-Feira, a Primavera torna-se pretexto para uma reflexão sobre a beleza, pois nesta estação do ano os encantos da natureza espreitam em tudo o que rodeia a nossa aldeia.



Surdo murmúrio do rio,
a deslizar, pausado, na planura.
Mensageiro moroso
dum recado comprido,
di-lo sem pressa ao alarmado ouvido
dos salgueirais:
a neve derreteu
nos píncaros da serra;
o gado berra
dentro dos currais,
a lembrar aos zagais
o fim do cativeiro;
anda no ar um perfumado cheiro
a terra revolvida;
o vento emudeceu;
o sol desceu;
a primavera vai chegar, florida.

( Miguel Torga )

terça-feira, 15 de março de 2011

A ANEDOTA das anedotas

Esta é a ANEDOTA em que se transformou o País do Sócrates:

-Um empregador para despedir um trabalhador que o agrediu precisa de uma sentença judicial que demora 5 anos a sair.

-Na escola um professor é agredido por um aluno. O professor nada pode fazer, porque a sua progressão na carreira está dependente da nota que dá ao seu aluno.

-Um jovem de 18 anos recebe 200€ do Estado para não trabalhar; um idoso recebe de reforma 236€ depois de toda uma vida de trabalho.

-Um marido oferece um anel à sua mulher e tem de declarar a doação ao fisco.

-O mesmo fisco penhora indevidamente o salário de um trabalhador e demora 3 anos a corrigir o erro.

-O Estado que queria gastar 6 mil milhões de euros no novo Aeroporto da Ota recusa-se a baixar impostos porque não tem dinheiro.

-Nas zonas mais problemáticas das áreas urbanas existe 1 polícia para cada 2 000 habitantes; o Governo diz que não precisa de mais polícias.

-Numa empreitada pública, os trabalhadores são todos imigrantes ilegais, que recebem abaixo do salário mínimo e o Estado não fiscaliza. Num café, o proprietário vê o seu estabelecimento ser encerrado só porque não tinha um autocolante a dizer que é proibido fumar.

-Um cão ataca uma criança e o Governo diz que "vai" fazer uma lei.

-O IVA de um preservativo é 5%. O IVA de uma cadeirinha de automóvel, obrigatória para quem tem filhos até aos 12 anos, assim como o das fraldas descartáveis, é 21%.

-Numa entrevista à televisão, o Primeiro-Ministro define a Política como "A Arte de aprender a viver com a decepção".

-Apanhado em flagrante num assalto um polícia bate no criminoso que por acaso é negro, é logo considerado uma atitude racista. Um bando de negros mata 3 polícias, não estão inseridos na sociedade.

- Um clube de futebol desce de divisão por subornar árbitros, outro clube pelas mesmas circunstancias é lhe retirado apenas 6 pontos.

- O café da esquina fechou porque não tinha WC para homens, mulheres e empregados, no Fórum Montijo o WC da Pizza Hut fica a 100mts, nem tem local para lavar mãos.

- O governo incentiva as pessoas a procurarem energias alternativas ao petróleo e depois multa quem coloca óleo vegetal nos carros porque não paga ISP (Imposto sobre produtos petrolíferos).

- O ministério do ambiente incentiva o uso de meios alternativos ao combustível, no edifício do ministério do ambiente não há estacionamento para bicicletas, nem se sabe de nenhum ministro que utiliza a bicicleta.

- Nas prisões é distribuído gratuitamente seringas por causa do HIV, mas como entra droga nas prisões?

- No exame final de 12º ano se és apanhado a copiar chumbas o ano, o primeiro-ministro fez o exame de inglês técnico em casa e mandou por faxe e é engenheiro.

- Um jovem de 14 mata um adulto, não tem idade para ir a tribunal, um jovem de 15 leva um chapada do pai, por ter roubado dinheiro para droga é violência doméstica.

- Uma família a quem uma casa ruiu e não tem dinheiro para comprar outra, o estado não tem dinheiro para fazer uma nova, tem de viver conforme podem. Seis presos que mataram e violaram idosos numa sela de 4 e sem wc privado, não estão a viver condignamente e a associação de direitos humanos faz queixa ao tribunal europeu.

- Militares que combateram em África a mando do governo da época não lhes é reconhecido nenhuma causa nem direito de guerra, o primeiro-ministro elogia as tropas que estão em defesa da pátria no KOSOVO, AFEGANISTÃO E IRAQUE.

- Começas a descontar em Janeiro o IRS e só vais receber o excesso em Agosto do ano que vem, não pagas às finanças a tempo e horas passado um dia já estás a pagar juros.

- Fechas a janela da tua varanda e estás a fazer uma obra ilegal, constrói-se um bairro de lata e ninguém vê.

- Se o teu filho não tem cabeça para a escola e com 14 anos pões a trabalhar contigo num ofício respeitável, é exploração do trabalho infantil. Se és artista e o teu filho com 7 anos participa em gravações de telenovelas 8 horas por dia ou mais a criança tem muito talento, sai ao pai ou à mãe.

- O primeiro-ministro diz que o serviço de saúde com as medidas tomadas está mais prático e eficiente, não há registo de na última década alguém ter visto, ministro, esposa ou enteados nos SAP´s.

- Sai uma lei que proíbe o tabaco em áreas fechadas para não contaminar o ar dos outros e o PM fuma nos voos em que desloca em "serviço"

- ETC

-ERA BOM QUE FOSSE O FIM..., MAS A ANEDOTA CONTINUA! E DURA..., E DURA...

segunda-feira, 14 de março de 2011

Poesia de António Aleixo para Quartafeirense ler

Vós que lá do vosso Império   
prometeis um mundo novo,
calai-vos, que pode o povo
qu'rer um Mundo novo a sério



Que importa perder a vida
em luta contra a traição,
se a Razão mesmo vencida,
não deixa de ser Razão

Uma mosca sem valor
Poisa c'o a mesma alegria
na careca de um doutor
como em qualquer porcaria.

P'ra mentira ser segura
e atingir profundidade
tem de trazer à mistura
qualquer coisa de verdade.

Julgando um dever cumprir,
Sem descer no meu critério,
Digo verdades a rir
Aos que me mentem a sério!

Há luta por mil doutrinas.
Se querem que o mundo ande,
Façam das mil pequeninas
Uma só doutrina grande.

Sei que pareço um ladrão...
mas há muitos que eu conheço
que, sem parecer o que são,
são aquilo que eu pareço. 

Sem que discurso eu pedisse,
ele falou, e eu escutei.
Gostei do que ele não disse;
do que disse não gostei. 

O mundo só pode ser
melhor do que até aqui,
quando consigas fazer
mais p'los outros que por tí!
 


Veste bem, já reparaste?
mas ele próprio ignora
que, por dentro, é um contraste
com o que mostra por fora.

Eu não sei porque razão
certos homens, a meu ver,
quanto mais pequenos são
maiores querem parecer.
  

Nas quadras que a gente vê,
quase sempre o mais bonito
está guardado pr'a quem lê
o que lá não está escrito.
  

Vemos gente bem vestida,
No aspecto desassombrada;
São tudo ilusões da vida,
Tudo é miséria dourada.

Os novos que se envaidecem
Pelo muito que querem ser
São frutos bons que apodrecem
Mal começam a nascer.
  

Para triunfar depressa
cala contigo o que vejas
finge que não te interessa
aquilo que mais desejas.

Os que bons conselhos dão
ás vezes fazem-me rir
por ver que eles mesmos, são
incapazes de os seguir.

Eu não tenho vistas largas
Nem grande sabedoria
Mas dão-me as horas amargas
Lições de Filosofia.

Quem nada tem, nada come;
E ao pé de quem tem de comer,
Se alguém disser que tem fome,
Comete um crime, sem querer.

A quadra tem pouco espaço
Mas eu fico satisfeito
Quando numa quadra faço
Alguma coisa com jeito.

Mentiu com habilidade,
fez quantas mentiras quis,
Agora fala verdade,
ninguém crê no que ele diz.

Embora os meus olhos sejam,
os mais pequenos do Mundo
O que importa é que eles vejam
O que os homens são no fundo.

É fácil a qualquer cão
Tirar cordeiros da relva.
Tirar a presa ao leão
É difícil nesta selva.

Quando os Homens se convençam
Que à força nada se faz,
Serão felizes os que pensam
Num mundo de amor e paz.


Tu, que tanto prometeste
enquanto nada podias,
hoje que podes -- esqueceste
tudo o que prometias... 

O meu merceeiro é um santo
e há quem diga que ele é mau!
Digo-lhe só: -- dou mais tanto,
já me arranja bacalhau.

Não sou esperto nem bruto
Nem bem nem mal educado;
Sou simplesmente o produto
Do meio em que fui criado.

Quem me vê dirá: não presta,
nem mesmo quando lhe fale,
porque ninguém traz na testa
o selo de quanto vale. 

Muito contra o meu desejo,
sem lhe querer dizer porquê,
finjo sempre que não vejo
quem finge que me não vê...

Diz que viver é sofrer ...
concordo. Mas não compreendo
que ninguem ouse dizer
que se aprende sofrendo.


À guerra não ligues meia,
Porque alguns grandes da terra,
Vendo a guerra em terra alheia,
Não querem que acabe a guerra.

Se os homens chegam a ver
Por que razão se consomem,
O homem deixa de ser
O lobo do outro homem.


Por que a vida me empurrou
caí na lama, e então...
tomei-lhe a cor, mas não sou
a lama que muitos são.

domingo, 13 de março de 2011

O Santordia

Quem um dia nasceu e foi criança na Quarta-Feira, sabe certamente aquilo que significa a palavra “Santordia”, que em criança pronunciou vezes sem conta.
Esta palavra deriva da expressão latina “Santorum Die” que significa Dia dos Santos, mas na nossa aldeia, está inevitavelmente associado à infância, à magia e à nostalgia dos tempos de criança.
O “Santordia” consiste precisamente numa tradição já muito antiga em que as crianças da Quarta-Feira no Dia de Todos os Santos, se juntam de manhã bem cedo, para percorrer toda a aldeia de porta em porta, gritando a uma só voz a palavra “ Santordia” até que à porta de cada casa venha o dono(a) com um saco cheio de coisas doces para satisfazer os desejos da pequenada.
Na noite de 31 de Outubro para 1 de Novembro era quase sempre uma noite em branco para aqueles que de madrugada, por volta das seis da manhã, queriam estar “ao fundo da quinta” para então começarem a volta que tinha algumas regras, pois os mais crescidos iam na frente e os mais pequeninos tinham que ir alinhados na parte de trás da fila obedecendo  às ordens dos mais velhos.
Na verdade o “Santordia” era uma verdadeira festa e uma alegria para miúdos e graúdos, para os primeiros um dia aguardado sempre com muita ansiedade e para os segundos, uma forma de recordar os seus tempos de criança e de sentir a juventude da aldeia.
Mas hoje o “Santordia” já não é o que era, pois rebuçados, bolachas e chocolates há muitos, mas quem os queira é que parece que não há, pois as cegonhas aqui não têm pousado e de França já não chegam bebés.

segunda-feira, 7 de março de 2011






































Fotos


Balanço do evento "O Pão da Nossa Aldeia"

Tudo começou no Sábado, por volta das 15 horas. A azáfama era grande, enquanto alguns homens foram aquecendo o forno, as mulheres amassavam e preparavam a farinha para pão, bolos e pizzas. Por volta das 17 horas a “padaria” começou a sua laboração. Dentro das quatro paredes do forno o clima era de verdadeira festa e o calor que se fazia sentir lá dentro contrastava com o frio e a chuva que, na rua, ia caindo e que constituiu um “condimento” essencial para uma verdadeira noitada no forno. Foram muitos aqueles que marcaram presença e que contribuíram para o reviver de uma forma de vida de outros tempos. Foi de facto um momento de puro convívio que não é descritível por palavras e que só quem lá esteve pode testemunhar o quão divertido foi, pois enquanto o pão ia cozendo, foram-se bebendo uns tintos de castas quartafeirenses e recordando velhas histórias, cujo palco foi precisamente este forno que é hoje um edifício emblemático.
Entre conversas e histórias a “padaria” encerrou já era meia noite e no dia seguinte a festa continuou com uma animação ainda maior que não necessita de ser descrita por palavras, por ser bem visível nas fotografias que se seguem.
Esperemos que esta festa tenha continuidade no próximo ano e que os “Guardiões da Lua” grupo de teatro que dinamiza esta actividade continuem a dar corpo a este evento que já é uma referência na freguesia de Sortelha e no concelho de Sabugal.
Parabéns ao João Reis e ao Rui Marques pelo empenho que tiveram na organização do convívio e na Fama do Entrudo e às senhoras da Quarta-Feira que com o seu trabalho na confecção das iguarias fizeram com que este evento fosse um verdadeiro sucesso.

terça-feira, 1 de março de 2011

A electricidade

Será que se podia morar na Quarta-Feira sem electricidade?
Poder até podia mas não era a mesma coisa.
De facto, esta questão é um slogan televisivo mas a Quarta-Feira às escuras foi, durante muitos anos, a realidade desta aldeia.
Até 1976, ano em que a electricidade chegou à nossa aldeia, a única luz possível era a do sol, que em dias de chuva e nevoeiro também não deveria ser muita.
Nos dias de hoje a electricidade é uma condição sine qua non à vida de qualquer ser humano em qualquer parte do planeta, ao que parece, hoje tudo é eléctrico, já só falta mesmo as pessoas também o serem, ou talvez já nem isso, pois muitos já dizem que quando bebem café ficam eléctricos.
A verdade é que na Quarta-Feira viveu-se muito tempo sem electricidade e quem lá viveu sem ela, provavelmente, naquela altura, até pensaria que não era necessária e que seria mais um luxo do que propriamente uma necessidade.
Nos dias de hoje já não há, felizmente, aldeias sem electricidade e isso já é uma comodidade perfeitamente banal, no entanto o que é paradoxal é o facto de a Quarta-Feira e a maioria das aldeias da nossa região não terem, apesar destas grandes evoluções, o povoamento de outros tempos, pois antigamente não havia “luz” mas havia gente e hoje há “luz” mas não há gente.
Por vezes dá que pensar e impõe-se a questão “ Será que as nossas aldeias voltariam a ter gente se houvesse um apagão ?”