domingo, 27 de fevereiro de 2011

António Clemente. Um dos grandes acordeonistas da Quarta-Feira


Desde há muito tempo que a Quarta-Feira é conhecida como sendo a terra dos tocadores, tendo, António Clemente ocupado o lugar de topo relativamente aos saberes musicais.
Por volta dos anos 30 do século passado foi emigrante em França como tantos outros desta localidade e foi aí que além de tocador se tornou também compositor de várias obras musicais de entre as quais se destaca a “Marcha Paris/Lisboa”.
Pensa-se que a sua veia artística terá sido complementada com estudos feitos numa escola parisiense, cujas aprendizagens trouxe no seu regresso à sua terra natal por altura da segunda guerra mundial.
As suas qualidades enquanto acordeonista foram de tal forma invulgares que ainda hoje quando alguém desta aldeia passa por algumas terras ainda distantes e por algum motivo cita o nome da Quarta-Feira, é muito vulgar ouvir-se como resposta: “Essa era a terra do Clemente”. Tal expressão ouvida várias vezes e em muitas terras, revela bem o quão importante foi a sua fama como acordeonista.
Conta-se que na sua época, tendo havido na cidade da Guarda um concurso de acordeonistas de vários pontos do país, também ele se inscreveu para poder participar. No referido dia do concurso, tendo chegado já um pouco atrasado e vestido à moda dos pastores desta região com uns “safões” que são umas calças de pastor feitas com pele de borrego, já o não queriam deixar actuar.
No entanto, alguém do júri proferiu a seguinte frase: “Deixem lá tocar o pastor”, tendo feito de seguida a sua actuação.
Foi tal a mestria com que interpretou um número do seu vasto repertório que deixou toda a assistência de “boca aberta” especialmente o júri que decidiu por unanimidade atribuir-lhe o primeiro prémio desse concurso.
Finalmente, quando lhe pediram para voltar a tocar o mesmo tema e por lhe terem chamado “O pastor” ele terá respondido “O pastor não pode tocar mais porque tem que ir embora para deitar as ovelhas fora do bardo”.l

Obs: Esta informação foi-me citada por José Joaquim da Costa que a ouviu a um velho barbeiro da cidade da Guarda de nome Casimiro quando soube que o seu cliente do momento era da Quarta-Feira.

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